quarta-feira, 28 de agosto de 2013

OPINIÃO: Corporativismo, questões ideológicas e preconceito nas manifestações contra médicos cubanos (Reginaldo Pacheco)

No Brasil, assim como a maioria das profissões que exigem mais recursos financeiros para se concluir o ensino universitário, a Medicina é uma carreira eminentemente branca e da elite socioeconômica. Evidentemente, que há exceções. Esta realidade começa a mudar desde a adoção de políticas afirmativas pelo Governo Lula, como as cotas e o ProUni. Mas a transformação é lenta. 


Tanto, ou mais, que o corporativismo e as questões ideológicas, o preconceito racial está impregnado nas manifestações contra médicos(as) cubanos(as). Esta postura foi descrita em palavras por uma jornalista do Rio Grande do Norte, que disse, em seu perfil aqui no Face, que os profissionais cubanos não tinham cara de médico. Segunda ela, as médicas cubanas tinham "cara de empregada doméstica".


Pros padrões nacionais deturpados, médico, assim como os 'doutores' em geral, tem que ser branco. À população negra e pobre, o padrão é de serviçal, em funções que esta elite considera de menor importância. E o que esta legião de médicos(as) cubanos(as) negros(as) faz é dar um tapa no preconceito racial. E mostrar: Eu sou cubano, socialista, negro e MÉDICO. Eu também posso ser 'DOUTOR'! 


Menos preocupada com a saúde da população, a maioria das lideranças das entidades médicas brasileiras e dos que as seguem teme é a revolução no imaginário popular. Teme a quebra do paradigma, onde os espaços reservados aos 'doutores' não sejam mais áreas VIPs para um segmento - o branco e rico - e se transformem num local multirracial, de todas as classes. O que está em marcha no Brasil é a queda de um apartheid velado, ou nem tanto, que ainda persiste mesmo 125 anos após o fim oficial da escravidão.





Reginaldo Pacheco
jornalista e militante 
pelos direitos de cidadania.

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