terça-feira, 26 de novembro de 2013

A morte sem repercussão de Romazzini


Infelizmente a morte de Romazzini não foi noticiada como deveria. A Folha deu somente uma notinha sobre o caso. Alguns sites noticiaram, mas não com a gravidade que o caso merecia: Romazzini foi assassinado pela sua postura política no Guarujá. Isso mesmo. Assim como nos tempos da ditadura, ele morreu por fazer oposição à classe política corrupta e dominante que vai levando esta cidade ao caos. E com a morte dele, também morreu toda a oposição do Guarujá. Explico.

Romazzini chamou a atenção quando, em 1994, ainda sargento do exército, escreveu um artigo criticando o então presidente Itamar Franco. Ficou 60 dias preso. E nem por isso cessou sua luta, pois dois anos depois, em 1996, se candidatou a vereador. Perdeu. Em 1998, tentou ser deputado, com chances irrisórias de vencer, apenas como protesto ao exército. Perdeu, claro.

Já ia perder tantas eleições quanto Lula, quando em 2004 conseguiu se eleger a vereador. Em seu primeiro mandato chamou a atenção principalmente por duas coisas. Por denunciar um esquema de corrupção na 
Câmara do Guarujá, quando o então prefeito Farid Madi comprava votos dos vereadores por cerca de 10 mil reais por mês. Chamou atenção também por quase ser desfiliado do PT por não apoiar Farid, que tinha um petista como vice.

Como vereador, ele cumpria todas as suas funções: tanto propondo projetos relevantes à cidade, quanto ao fiscalizar seus pares e a Prefeitura.

Na eleição de 2008 apoiou a atual prefeita Antonieta, apostando que seria uma salvação diante do inferno de Farid. Porém, logo rompeu com ela, pois tudo o que ela prometia e pretendia caiu por terra nos primeiros meses de sua gestão - tornando-se administradora tão pífia, ou pior, quanto Farid.
Em 2010 concorreu a deputado federal, não se elegeu, mas obteve 22 mil votos no Guarujá. Ou seja: era o candidato mais forte à prefeitura do Guarujá em 2012.

Muitos são os suspeitos de sua morte. Com o estrago que ele já fazia como vereador, o que ele poderia fazer como prefeito?! Eram muitos interesses. Ele chegou a pedir proteção à polícia, registrou diversos Boletins de Ocorrência, e entregou à polícia uma gravação com outros vereadores planejando sua morte. Chegou até a andar com colete à prova de balas.

O Romazzini era um político raro nos dias de hoje. Lembrava os petistas da antiga, que não se preocupavam com o marketing - suas entrevistas eram prova disso - e lutavam pelos seus ideais até a morte. Literalmente.

É uma pena que a morte de político tão relevante tenha passado tão despercebida pela imprensa. Retrato dos tempos!


Eu disse que a morte dele é também a morte da oposição de Guarujá. Mas é muito mais do que isso. É a morte da Esperança. Era um político que ia muito além de sua região. E é muito lamentável que a primeira vez que a maioria das pessoas ouviu falar dele seja justamente no momento de sua morte. (Texto de Juliana Romazzini escrito em 29/11/2010 e publicado no blog do jornalista Luiz Nassif) 

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