terça-feira, 25 de agosto de 2015

Vereadores devem rejeitar pacote proposto pela prefeita


Em reunião aberta, realizada durante toda à tarde de ontem na Câmara de Guarujá, a prefeita Maria Antonieta de Brito anunciou que, nos próximos dias, irá apresentar um pacote de medidas visando arrecadar recursos para driblar a crise econômica que, segundo ela, é nacional. Das 12 propostas anunciadas pela equipe de Antonieta, pelo menos cinco atingirão diretamente o bolso dos contribuintes e devem ter dificuldades para serem aprovadas pelos vereadores. 

Paralelamente, a Administração Municipal ingressou ação na Justiça com pedido de liminar para retomada de, no mínimo, 30%, do serviço de coleta de lixo na Cidade, conforme determina cláusula contratual com a empresa e tendo em vista que o serviço é essencial e de saúde pública. A coleta está suspensa desde a última sexta-feira (21) e a Administração aguarda pelo deferimento da medida. 
Uma das propostas do pacote é justamente o realinhamento da taxa de coleta de lixo, visando diminuir o aporte de R$ 13 milhões da Administração, que hoje arrecada R$ 32 milhões com a taxa e paga R$ 45 milhões à Terracom. 

A primeira das 12 propostas já será encaminhada hoje ao Legislativo, que é a mudança no novo programa de parcelamento de débitos de tributos, o Refis. O Executivo acatou a sugestão do Legislativo que permite que o percentual de sucumbência (10%) seja vinculado ao saldo negociado no acordo e não sobre o montante devido. 

Além da revisão da taxa de coleta de lixo e o Refis, as demais 10 propostas são as seguintes: revisão da Planta Genérica de Valores (que vai gerar aumento no Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU); aumento da alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS); recuperação extrajudicial da Dívida Ativa (protestar os grandes devedores); criar a taxa ambiental (empresas poluidoras) e a de bombeiros, rever a taxa de iluminação; promover a recuperação de créditos municipais; criar o IPTU e a nota fiscal premiada e, por fim, implantar um programa de monitoramento de créditos da Dívida Ativa para melhorar a liquidez. 

Em suas considerações, Maria Antonieta ainda revelou que vem, desde 2013, reduzindo o número de comissionados (já demitiu 168 e pretende chegar a 30% do total); vai zerar as horas extras e reduzir os abonos. Também estaria providenciando a redução dos valores dos contratos. 

Renúncia 
Dois momentos marcaram ainda a reunião aberta de ontem na Câmara de Vereadores. O primeiro foi a carta aberta do PSDB, lida pelo vereador Gilberto Benzi, pedindo à prefeita Maria Antonieta de Brito que renunciasse ao cargo e a adoção de mais sete medidas, entre elas o corte de 50% dos cargos comissionados. Ele abandonou a reunião depois de ler a carta. 

O outro momento foi a posição por escrito do vereador Edilson Dias (PT), que não aceitou o pacto proposto pela prefeita e sugerindo, além da redução de cargos comissionados (causando R$ 50 milhões de impacto aos cofres públicos), mais 13 medidas, entre elas acabar com a isenção de impostos aos grandes hotéis; fim do monopólio do sistema de transporte coletivo e intervenção no Hospital Santo Amaro.

As 12 propostas da prefeita
1. Revisão da taxa de coleta de lixo
2. Refis
3. Revisão da Planta Genérica de Valores
4. Aumento da alíquota do Imposto Sobre Serviços (ISS)
5. Recuperação extrajudicial da Dívida Ativa
6. Criar taxa ambiental
7. Criar taxa de bombeiros
8. Rever taxa de iluminação
9. Promover a recuperação de créditos municipais
10. Criar IPTU premiado
11. Criar Nota Fiscal premiada
12. Implantar um programa de monitoramento de créditos da Dívida Ativa

Vereadores devem rejeitar propostas
“Estamos diante de uma crise institucional, política e de credibilidade. Os vereadores não podem receber essa nota promissória. Com um orçamento de mais de R$ 1 bilhão, como pode não ter dinheiro para pagar a coleta de lixo? Esse projeto de governo atual se mostra equivocado e não são os quatro melhores anos de Guarujá”, declarou o vereador Gilberto Benzi (PSDB), depois de abandonar a reunião. 

O vereador Edilson Dias antecipou ontem que votará contra a criação de novas taxas. “Seis propostas envolvem taxas e aumento de percentuais de cobranças já existentes. Não dá paraimaginar aumento de taxa de lixo. É preciso tributar hotéis, diminuir cargos comissionados e tomar outras medidas. O Refis é um paliativo à situação, que vem desde 2013, sempre salva pelo Refis”, disse. 


O presidente da Câmara, Ronald Nicolaci Fincatti (Pros), disse que existem expectativas de ações, mas as propostas punem ainda mais a população. “Estávamos esperando medidas emergenciais. Não vi nada por parte do Executivo. Tem que ter corte de despesas para ontem. Não dá mais tempo de pensar. Tem que cortar na carne. Enxugar a máquina”, disse Nicolaci, alertando que a Comissão de Fiscalização e Controle deve investigar a questão do lixo. (Carlos Ratton/Diário do Litoral)

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