As eleições de 2014 serão as primeiras
pós-manifestações e a expectativa de como os movimentos que levaram milhões de
brasileiros às ruas, mostrando uma insatisfação latente há décadas, refletirão
no resultado das urnas é grande. Até porque a massa disforme e heterogênea que
bradou por melhores condições nas áreas de Saúde, Educação, Segurança e,
sobretudo, transparência no que condiz a utilização do dinheiro público, não se
sente representada pela classe política que, em tese, é quem deveria
representá-la.
Aos políticos, aqueles que não acreditarem no
arrefecimento dos clamores populares até as eleições, cabe uma reflexão: como
lidar com essa nova política subsidiada pelo forte apelo popular? Como engajar
a consistência do que vimos nas ruas à política partidária? Ou deveria ser o
contrário, a política partidária é quem deveria reformar-se e abrir espaço aos
novos caminhos ditados pelas pessoas comuns que, hoje, se manifestam e
mobilizam via redes sociais? Como atrair essas pessoas que, notoriamente, têm
certa resistência às lideranças? Como atrair esse novo ator político, o
manifestante, para que ele participe, quiçá até mesmo se transforme em nova
liderança política, renovando os já tão "carregados" ares do Legislativo
e Executivo? Sem cair no lugar comum de que "nenhum político atualmente é
digno de crédito", até porque seria leviano com quem ainda acredita e luta
por uma política mais genuína e menos pragmática, mais voltada para o social e
menos para o "partidarismo", fato é que precisamos repensar, com
urgência, a nossa estrutura política atual, tentando incorporar as novidades
oriundas de movimentos populares consolidados e, principalmente, repensar o
modelo de administração da máquina pública. Os sinais de saturamento são claros
e propiciam a corrupção, o desvio de verbas, o favorecimento pessoal, onde a
TRANSPARÊNCIA deveria ser a tônica, questão primordial para quem recebe a
confiança e a responsabilidade de ocupar um cargo público.
De qualquer forma, o desafio está lançado. E que o
eleitor fique atento aos que quiserem capitalizar em cima dos acontecimentos
recentes. Espero, sinceramente, que a “coletiva” tomada de consciência ocorrida
esse ano reflita de forma efetiva e positiva no resultado das eleições de 2014.
Cabe lembrar que, enquanto a reforma política não
chega, o voto consciente e politizado ainda é uma boa ferramenta de
participação política e, como tal, deve ser valorizado. Aguardemos, pois!
Clara Gurgel
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