sábado, 24 de agosto de 2013

OPINIÃO: O Tempo é o Senhor da Razão - Caso Khalil (Sidnei Aranha)

Em 2011, a Prefeita do Guarujá entrou com uma representação junto ao Ministério Público dizendo-se ofendida com um artigo meu, onde eu questionava a probidade da sua administração. Conforme imortalizou Proust, “o tempo é o senhor da razão”, e hoje, dois anos depois, estamos diante do que pode tornar-se um dos maiores escândalos de corrupção, ou nepotismo, da cidade do Guarujá. 

Após uma carreira meteórica de “Assessora Estratégica”, e sempre com alto poder deliberativo nas mãos, a funcionária pública contratada, Fátima Ali Khalil, a então, Chefe de Gabinete da Prefeitura, é também a responsável pela pasta de compras e licitações. Se esse poder excepcional que confere status de “SUPER FUNCIONÁRIA” à Senhora Khalil é insidioso, infringindo até mesmo a Lei Orgânica Municipal quando, POR DECRETO, ocupou o cargo de Prefeita do Guarujá, o que dizer então ao constatarmos que são seus parentes diretos (pai/irmãos) os principais licitantes e vencedores constantes dos certames licitatórios públicos? Como qualificar essa relação estreita que enlaça poder e milhões em contratos, consolidada sob os olhos da Prefeita? Em tese, o que ocorre nesse momento na cidade é a Chefe de Gabinete da Prefeitura analisando e julgando a liberação de verbas públicas para efetuação de contratos com as empresas de sua própria família, o clã Khalil. 

Os indícios por si só já ferem a ética e a moral pública, uma vez que, a autonomia de quem deveria fiscalizar e zelar pelo dinheiro público é INEXISTENTE nesse caso, e uma das perguntas que pairam no ar é: Por que não age o MINISTÉRIO PÚBLICO? Não obstante a essa enorme evidência, a Prefeita do Guarujá “determinou” que a Controladoria investigasse o caso, não optando por afastar a Chefe de Gabinete e os demais envolvidos, até que tudo seja esclarecido. 

Desta forma, ainda que com uma presumida investigação da Prefeitura em curso, com uma representação junto ao Ministério Público e com uma representação na Corregedoria do MP, a família Khalil continua predominante na Prefeitura. Em apenas seis dias (de 15/08 até 21/08), duas empresas do Clã Khalil (Valmir Dias Silva Informática e H.S. Comércio e Serviços Ltda.) abocanharam três licitações de valores vultosos, o que nos leva a crer que os envolvidos, ou investigados, estejam acreditando na leniência do poder judiciário para que nada seja de fato investigado e esclarecido. 

Fato é que as evidências nos colocam diante de um esquema que resvala, a priori, em CRIME, pois é notório que as empresas da família Khalil têm endereços de origem e atividades econômicas semelhantes, e competem entre si, pior, tendo como “fiscalizadora” desse cartel familiar, a própria filha/irmã, ou se preferirem, a Chefe de Gabinete da Prefeitura. Surpreendente notar o escárnio com que tratam o art. 90 da lei de licitação que assim disciplina: Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 

Por fim, certamente, este governo optará pela vitimização (como é de costume) e tentará punir, por meio de procedimento judicial, aqueles que DENUNCIAM OS ATOS DE CORRUPÇÃO DO GOVERNO ANTONIETA. Não importa. Aguardo pacientemente por mais um processo se esse for o preço a pagar para que a população reaja a mais esse absurdo.






Sidnei Aranha
Advogado

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