Quem anda pelas ruas do Centro de
Guarujá, atualmente, chega a se espantar com a quantidade de pessoas dormindo
nas ruas, mesmo no intenso frio que assolou a região, nas últimas noites. É comum,
também, verificar que há pouca ação para um problema que só cresce.
São pessoas de osso e pouca carne que estão vivendo em Guarujá, sem teto e sem abrigo. Ignorar sua presença é impossível, mas infelizmente o que mais sensibiliza é a estética. A preocupação maior, de muitas pessoas, é o quanto o quadro de miséria exposto na calçada desvaloriza sua propriedade.
Eis que, de repente, a cena muda. Automóveis e pessoas se esgueiram pelas calçadas, com algo quente para aquecer mais a alma do que propriamente o corpo. São pessoas de bem, que distribuem sopa ou fornecem agasalhos para minimizar um drama que não é delas, mas que as incomodam.
O gesto não é apreciado pelas autoridades públicas responsáveis por alguma ação social na cidade. Pelo contrário. Encontra-se em gestação uma campanha que pretende desestimular as pessoas a se comportarem como gente. Pois, gente que é gente não deixa o semelhante perecer de fome.
O poeta russo Vladimir Maiakovski (1893-1930) pediu em um de seus poemas que o ressuscitassem, caso por ocasião de sua morte ainda houvesse alguém no mundo lutando por uma casa, um buraco. A miséria humana já provocou guerras, migrações e poemas. Seria bom que começasse a provocar atitudes. Que tal, começar por aqui?
Valdir Dias
Jornalista
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