No Brasil, assim como a maioria das
profissões que exigem mais recursos financeiros para se concluir o ensino
universitário, a Medicina é uma carreira eminentemente branca e da elite
socioeconômica. Evidentemente, que há exceções. Esta realidade começa a mudar desde a adoção de políticas
afirmativas pelo Governo Lula, como as cotas e o ProUni. Mas a transformação é
lenta.
Tanto, ou mais, que o
corporativismo e as questões ideológicas, o preconceito racial está impregnado
nas manifestações contra médicos(as) cubanos(as). Esta postura foi descrita em
palavras por uma jornalista do Rio Grande do Norte, que disse, em seu perfil
aqui no Face, que os profissionais cubanos não tinham cara de médico. Segunda
ela, as médicas cubanas tinham "cara de empregada doméstica".
Pros padrões nacionais
deturpados, médico, assim como os 'doutores' em geral, tem que ser branco. À
população negra e pobre, o padrão é de serviçal, em funções que esta elite
considera de menor importância. E o que esta legião de médicos(as) cubanos(as)
negros(as) faz é dar um tapa no preconceito racial. E mostrar: Eu sou cubano,
socialista, negro e MÉDICO. Eu também posso ser 'DOUTOR'!
Menos preocupada com a saúde da
população, a maioria das lideranças das entidades médicas brasileiras e dos que
as seguem teme é a revolução no imaginário popular. Teme a quebra do paradigma,
onde os espaços reservados aos 'doutores' não sejam mais áreas VIPs para um
segmento - o branco e rico - e se transformem num local multirracial, de todas
as classes. O que está em marcha no Brasil é a queda de um apartheid velado, ou
nem tanto, que ainda persiste mesmo 125 anos após o fim oficial da escravidão.
Reginaldo Pacheco
jornalista e militante
pelos direitos de cidadania.
1 comentários:
Gostei do texto, Regis... bj
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