No último
dia 15 de agosto a Secretaria Especial de Portos, órgão vinculado à Presidência
da República, informou que pretende lançar no próximo dia 23 de outubro
licitação de 31 áreas portuárias, sendo que 11 destas áreas estarão localizadas
no Porto de Santos, sendo uma no município de Guarujá onde hoje abriga o Sítio
Conceiçãozinha, residência de diversas famílias e
atualmente sem atividade portuária.
Mesmo na iminência da utilização da área para o
desenvolvimento da atividade portuária, a região tem recebido diversos
investimentos da Prefeitura de Guarujá, com a pavimentação de vias e obras de
drenagem. Nada mais justo em prol da dignidade das famílias que ali residem,
porém deveria haver uma maior preocupação quanto ao remanejamento destas
famílias, que logo será necessário.
Preocupante ainda é a questão dos acessos aos novos
terminais, e não somente no acesso ao município, cuja Fase 02 da Avenida
Perimetral encontra-se em Estágio Preparatório (antecedendo a licitação do
projeto executivo) no Governo Federal (obras do PAC), estima-se que desde o
início do projeto executivo até a entrega da obra serão necessários ao menos
quatro anos, enquanto a obra não for entregue, conviveremos com um acesso
alternativo nas proximidades da Dow Química e com cruzamento em nível na
Avenida Santos Dumont.
Também é preocupante o acesso ao complexo
portuário, que hoje se dá unicamente pela Via Anchieta, inaugurada em 1947 e
concebida para uma realidade de transportes diferente da atual, que conta com
uma frota cada vez maior e composta por veículos cada vez mais longos.
Já a
Rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera-Guarujá), único acesso ao Município
de Guarujá, não comporta mais veículos em suas duas saturadas faixas de
rolamento. Vale destacar que a ocorrência de interrupções nas vias, seja por
acidente, por obras ou simplesmente pela quebra de veículos, prejudicam toda a
logística dos terminais portuários e retroportuários, que contam com avançados
sistemas de agendamento e controle.
Encontramos inúmeros estudos para a concepção de
uma nova via de acesso ao complexo portuário e na melhoria das vias existentes,
porém estes estudos ainda encontram-se em fase inicial, e demandará ao menos
sete anos até a entrega da obra, vale lembrar que em 2019 o Porto de Santos
estima movimentar 140 milhões de toneladas (em 2012 foram movimentadas 104,5
milhões de toneladas).
O município precisa se preparar e atuar desde já junto
aos Governos Estadual e Federal, para que no futuro não tenhamos um caos maior
do que atualmente, e só com o planejamento integrado isso será possível.
Wagner Souza
Gerente Executivo da Associação
Brasileira dos Terminais
Retroportuários e
Empresas
Transportadoras de Contêineres
1 comentários:
Excelente artigo! Acredito que o colapso viário que vivenciamos hoje é apenas o começo. Conforme mostrado, em 2019 temos a previsao de uma movimentação absurda e que nao parará de crescer. No entanto, as medidas que estão sendo tomadas são completamente paliativas, infelizmente o poder publico que é quem deveria tratar das questões de infraestrutura nao tem nenhum planejamento. Pouco se fala no transporte ferroviario, hidroviario ou outras alternativas. Acredito que a segregação do fluxo de veiculos de cargas e os veiculos de passeio é um dos eixos dessa discussão. Juntamente com isso um melhor planejamento do Governo Federal - representado por CODESP e SEP, do Estadual - através da ARTESP, DERSA, AGEM e do Municipal - com as respectivas secretarias.
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