Os turistas que escolheram o
litoral paulista para passar o Réveillon sofrem com a falta de serviços
básicos. No Guarujá (SP), a principal necessidade é a falta de água nas
torneiras. Diante do problema, os comerciantes de água potável enxergaram uma
oportunidade de negócio.
Empresas cobram até R$ 1.600 por um caminhão pipa carregado com 30 mil litros
de água potável. Normalmente, a mesma mercadoria sai por R$ 400 fora da
temporada, ou seja, o valor cobrado agora é quatro vezes maior. Os preços
variam conforme a quantidade e a localidade de entrega.
Um caminhão com 16 mil litros sai por R$ 1.400. Se o turista quiser menor
quantidade, para encher a caixa d’água de uma casa, por exemplo, dá para
comprar 4.000 litros por R$ 700 na empresa Maremar. A turista Eunice Cavalcanti
Pereira saiu de São José do Rio Preto (SP) no último dia 27 para passar o Ano
Novo em uma casa com a família na praia da Enseada, no Guarujá, e se
surpreendeu com a falta de água na torneira.
— Onde já se viu faltar água no Ano Novo? Todo mundo sabe que, no fim do ano,
as praias ficam lotadas, mas o governo não cuida da infraestrutura para atender
o público. Nós ainda estamos bem. Imagine quem está em um apartamento, com oito
ou dez pessoas, e sem água?
O problema é recorrente na cidade, segundo zeladores e porteiros. O porteiro
José Roberto Araújo de Lavor trabalha há 13 anos em um condomínio residencial
do Guarujá. Por volta do meio-dia, o reservatório de água do prédio onde
trabalha recebia o quinto caminhão-pipa de 30 mil litros.
— Um caminhão desses dura meia hora aqui no prédio. Todo ano é a mesma coisa,
sempre falta água no Ano-Novo. Os turistas e moradores pagam água o ano todo e
não usam porque não podem vir para cá e, quando precisa, falta água.
A reportagem tentou reservar um caminhão de água na mesma empresa que atendeu
ao condomínio em que trabalha José Roberto. Pelo rádio, o fornecedor, que não
se identificou, se recusou a vender mais um caminhão de 30 mil litros: “Se eu
falar que vou dar conta de entregar, vou mentir. Não estou dando conta da
demanda”.
Jeitinho brasileiro
Alguns prestadores de serviço locais oferecem um serviço paralelo para encher
as caixas d’água das casas em que os turistas estão hospedados. A reportagem
encontrou um segurança de banco que faz bicos para bombear a água da rua para
as residências.
Com uma bomba elétrica, ele garante que consegue fornecer até 3.000 litros de
água da rua em até uma hora. Ao meio-dia, ele já tinha resolvido o problema de,
pelo menos, três casas. O “serviço caseiro” sai bem mais barato que um
caminhão-pipa: R$ 100 por residência.
Em nota, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo) informou que "vem realizando manobras no sistema
de abastecimento para normalizar a pressão em todos os pontos de distribuição
de água do bairro Enseada, o que vem acontecendo gradativamente". Além
disso, a companhia disse ainda que as solicitações registradas na Central de
Atendimento foram atendidas por vistorias e por meio de caminhões-pipa da
própria empresa. (Portal R7)