Um médico de Guarujá atingiu uma marca bastante expressiva neste ano. Aos 78
anos, o ginecologista-obstreta Paulo Kahol Soejima já fez mais de 40 mil partos
na cidade, o que representa que cerca de 13% dos habitantes de Guarujá nasceram
pelas mãos do médico.
O descendente de japoneses nasceu na cidade de Boa Esperança do Sul, no interior
do Estado, mas foi em Rolândia, no Paraná, onde o médico viveu boa parte da
vida. Em Londrina, ele se formou em Medicina junto com o irmão. Depois de
formados, eles foram atuar na Santa Casa de Santos, referência em saúde na
década de 1960. “Fiquei na Santa Casa durante um ano. Nós soubermos da
inauguração do Santo Amaro e eu fui chamado. Foi o início. Eu fazia a
maternidade e mais um pouquinho, porque não tinha médico”, conta ele. Assim,
Paulo começou a realizar partos em Guarujá e não parou até hoje.
Os partos e cirurgias feitas no
hospital Santo Amaro eram registrados em um livro. Naquela época, Paulo conta
que fazia cerca de 10 a 15 partos por dia, e chegou a atingir a marca de 200
partos por mês. “Inicialmente, eu tinha muitos partos porque era um medico
único. Depois de alguns anos, tivemos mais médicos. Logo quando começou eram
poucos partos, depois foi aumentando e a estatística subiu. Era de 10 a 15
partos por dia. Era o dia inteiro. Eu ficava o tempo todo no hospital. A gente
não tinha folga e a gente nem pensava em folga”, diz. Segundo o médico, há
cerca de 30 anos o livro com os registros sumiu e a estatística passou a ser
mensal. A planilha mostra quantos partos cada um dos médicos faz a cada mês,
além da porcentagem de partos normais e cesáreas.
A contabilidade feita pelo
hospital aponta que Dr. Paulo já ajudou a dar a luz a cerca de 40 mil bebês nos
seus 54 anos de carreira. O número equivale a 740 partos por ano, o que representa
entre 2 e 3 partos por dia, sem folga. De acordo com o último censo do IBGE,
realizado em 2010, Guarujá teria pouco mais de 306 mil habitantes em 2013.
Partindo deste dado, Dr. Paulo já teria realizado o nascimento de cerca de 13%
dos moradores da cidade. Em 2008, o nome da maternidade do hospital Santo Amaro
recebeu o nome dele, como uma forma de o homenagear pelos serviços prestados a
tantas vidas.
A maioria das crianças
que nasceram pelas mãos de Dr. Paulo vieram ao mundo por meio do parto normal.
Porém, ele diz que a tendência à cesárea tem crescido muito nos últimos anos.
“Antigamente a turma não pedia tanto cesárea. É difícil tirar da cabeça que a
cesárea não é o melhor caminho. No convênio, de 80% a 90% é cesárea.
Antigamente, cesárea era 10%. As mulheres achavam que o normal era o parto
normal”, conta. Segundo o médico, o melhor caminho é optar pelo parto normal,
mas, muitas mulheres se queixam que irão sentir mais dor. Outras tentam fazer o
parto em casa, o que ele também não recomenda. “Às vezes, dentro do hospital já
é corrido e perigoso, imagina em casa fazendo um parto. O Conselho Regional de
Medicina é contra o parto em domicílio”, afirma.
Por causa de decisões erradas tomadas por algumas mães, o dia a dia de um
ginecologista-obstetra nem sempre é de momentos de felicidade. Dr. Paulo conta
que já teve que lidar com a tristeza. “Teve um caso de uma mulher grávida de
cinco filhos. Ela estava na sala de espera e, de repente, me chamaram urgente.
A paciente estava morrendo. Tentamos levar para o centro cirúrgico, mas não deu
tempo”, conta.
Em contrapartida, Dr. Paulo pôde participar ativamente do nascimento da filha e
esse teria sido o parto mais especial de sua vida. A prefeita de Guarujá, Maria
Antonieta de Brito, também nasceu no Hospital Santo Amaro com a ajuda do Dr.
Paulo. Ela e tantos outros moradores da cidade se orgulham de terem nascido
pelas mãos do médico e ele fica muito feliz quando encontra algum de seus
'filhos' pelas ruas de Guarujá. "Quando você vai a um supermercado, vai à
rua, muita gente conhece. As pessoas dizem que eu fiz o parto da filha dela, ou
da neta dela. Toda hora a gente é chamando. Tem muita gente", brinca.
Nos últimos anos, Paulo reduziu a quantidade de partos porque assumiu também as
cirurgias ginecológicas. “Hoje em dia, eu faço uns 10 partos por mês”,
diz. Mas, ele nem pensa em parar de trabalhar. Para ele, colocar no mundo
as crianças é uma satisfação diária e que ele ainda não quer abandonar. “De
jeito nenhum. Eu não quero parar. Você está habituado a fazer aquilo todos os
dias, não dá para parar. Trazer um ser ao mundo é sempre um prazer, você ver a
mãe contente, você fica contente também. É um prazer sempre”, finaliza o
médico. (G1/Foto: Mariane Rossi)
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