A estrada em análise tem 36 quilômetros, com início no futuro Trecho
Leste do Rodoanel, já em construção. O acesso seria feito nas
proximidades da Estrada dos Fernandes, em Suzano. De lá, o motorista
seguiria um percurso formado por túneis e viadutos até a área
continental de Santos, a apenas 15 minutos da entrada do Guarujá, na
altura do pedágio existente na Rodovia Cônego Domenico Rangoni.
Nesse ponto, um túnel serviria de rota especialmente para veículos de carga até o Porto de Santos.
O projeto prevê ainda que a futura estrada dê acesso direto à Rodovia
Rio-Santos, via Bertioga, proporcionando rota alternativa para as
cidades do litoral norte. A expectativa é de que a viagem de Suzano a
Santos leve cerca de 40 minutos e possa ser inaugurada em 2019, caso a
proposta apresentada ao governo seja levada adiante sem atrasos.
A iniciativa de projetar a nova rodovia é do Grupo Bertin, dono da
Contern, responsável pela construção dos Trechos Leste e Sul do
Rodoanel. Na próxima semana, a construtora - que firmou um Procedimento
de Manifestação de Interesse (PMI) com o governo - apresentará
informações adicionais à Secretaria Estadual de Logística e Transportes,
que participa das negociações com representantes das prefeituras de
Santos e Suzano.
Batizada preliminarmente como Via Mar, a nova rodovia ainda poderá
ajudar a desafogar as pistas da Cônego Domenico Rangoni nas proximidades
do acesso ao Porto de Santos. Não raramente, a estrada fica
completamente parada pelo excesso de caminhões no complexo portuário.
Com o túnel em direção a Santos, a via daria acesso a São Vicente e
Praia Grande e aos municípios do litoral sul: Itanhaém, Peruíbe e
Mongaguá.
O modelo final depende da aprovação do governo, que oficialmente afirma
apenas cogitar a proposta. Os estudos da Contern devem estender-se até
março, quando o Estado planeja abrir chamamento público para o
desenvolvimento do projeto executivo da obra.
Para o professor de Transportes da Fundação Educacional Inaciana (FEI)
Creso de Franco Peixoto, o governo caminha para a construção de uma nova
via no sentido litoral, assim como ocorreu no fim dos anos 1990, quando
se optou pela segunda pista da Imigrantes. “Ainda temos essa tendência
de investir em soluções rodoviárias, sempre paliativas. A prioridade
deveria ser o transporte público. De todo modo, o sistema está mesmo
saturado, reflexo direto do nosso enorme índice de motorização”, diz.
Rota. A nova rota para o litoral seria uma boa alternativa
especialmente para moradores da zona leste da capital, de Guarulhos e
até do interior, via São José dos Campos. Pelo projeto, o percurso teria
cerca de três ou quatro viadutos - a maior parte do percurso seria
feita por túneis profundos, cavados a mais de 20 metros.
A construção por túneis é condição para viabilizar o negócio do ponto
de vista ambiental, apesar de dificultar do ponto de vista financeiro - o
método é de seis a dez vezes mais caro. Segundo projeto da Contern, ao
qual o Estado teve acesso, esses túneis teriam três faixas de rolamento
em cada um dos sentidos e altura suficiente para receber, no “subsolo”,
uma ferrovia para transporte de cargas e dutos para levar líquidos, como
etanol, do Planalto ao litoral.
Mesmo com alta tecnologia, a execução do trajeto causaria impacto no
Parque Estadual da Serra do Mar, área de preservação ambiental. Por
causa do risco, outro projeto de estrada rumo ao litoral, via
Parelheiros, na zona sul, está praticamente descartado. O percurso até
Itanhaém exigiria ainda mais desmatamento. (Estadão Conteúdo)
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