Hoje, no escritório de São Paulo (Capital) da
Advocacia Geral da União (AGU), representantes da Prefeitura de Guarujá terão
que apresentar data e etapas para, definitivamente, cumprir o Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com a União, com objetivo de gerenciar a
orla da praia.
O encontro contará com a presença dos coordenadores
da regional de Santos da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), Sérgio
Martins (geral) e Luiz Fernando de Melo Correia. O representante de Guarujá
será advogado geral do município André Guerato.
O TAC, firmado com a Secretaria do Patrimônio da
União (SPU), foi assinado em 2010 pela prefeita de Guarujá Maria Antonieta de
Brito (PMDB), representantes da AGU e o coordenador de Gestão Patrimonial da
SPU, Raphael Bischof dos Santos. Ele previa, entre outras coisas, a remoção de
todos os 101 quiosques na areia da Praia da Enseada até o fim de 2011, o que
não ocorreu.
O documento disciplina o uso e ocupação de bens
imóveis, localizados na orla das praias: Guaiúba, Tombo, Astúrias,
Pitangueiras, Enseada e Pernambuco. Para utilização das praias, é preciso
impetrar autorização direta na SPU, sem passar pelo Município.
O TAC prevê o
seguinte: autonomia ao Município de autorizar eventos que ocupem área inferior
a dois mil metros quadrados; realização do cadastro de todos os particulares
que exploram comercialmente os quiosques; congelamento da situação existente e
fiscalização para impedir alterações; cadastros de imóveis comerciais
instalados na orla e padronização dos quiosques e dos equipamentos públicos.
Impõem ainda a redução de 20% da área ocupada pelos
quiosques da Enseada; que 20% no número de quiosques poderão ser utilizados
para quiosques de sorvete; a apresentação do Projeto de Intervenção Urbanística
(PIU), por praia, reconhecendo a peculiaridade de cada uma; remoção das
estruturas e edificações que ocupam a faixa de areia dentro do cronograma do
PIU; e o pagamento anual pelo Município de valor correspondente a 5% da área
comercial prevista no PIU e levantamento dos equipamentos de publicidade –
totens e backligts e outros.
A União adotou critério a ser utilizado em todo o
País sobre a exploração de publicidade em seus imóveis. O Município pagará
anualmente o valor correspondente a 20% da renda bruta auferida pelo contrato.
A autorização para utilização de espaços publicitários terá prazo de 12 meses,
mediante licitação.
Vale a pena lembrar que, em 2009, a Prefeitura de
Guarujá autorizou a exploração de publicidade nas praias. A AGU entendeu que a
orla da praia pertence à União e não ao Município e impetrou ação, na qual foi
deferida uma medida cautelar liminar suspendendo a publicidade.
Projeto
Orla e PIU correm em paralelo
Em abril deste ano, a Prefeitura de Guarujá divulgou
que todos os imóveis particulares – edifícios, loteamentos, condomínios,
hotéis, pousadas, quiosques, restaurantes, shoppings e outros - de Guarujá,
construídos no chamado “pé na areia”, foram recadastrados e suas ocupações, ou
pelo menos parte delas, estavam sendo reavaliadas pela Administração, com apoio
da SPU.
Na lista consta o Hotel Jequitimar, do apresentador
e empresário Silvio Santos, na Praia de Pernambuco; o conhecido edifício Sobre
As Ondas, que divide as praias das Astúrias e Pitangueiras; os restaurantes
Avelino’s e Tahiti (Pitangueiras); o shopping La Plage, também na última praia
e os condomínios luxuosos localizados na região conhecida como Rabo do Dragão
(que já foi alvo de série Endinheirados do Diário do Litoral). A iniciativa faz
parte da proposta avançada do Projeto Orla, que promete passar a limpo a
construção de alguns imóveis na Cidade que, de certa forma, impedem que
moradores e turistas contemplem e até tenham acesso às praias urbanizadas do
Município.
Com relação aos quiosques, existe o Projeto de
Intervenção Urbanística – PIU, que prevê uma nova concepção arquitetônica para
os quiosques, que permitirão acessibilidade e banheiros. Os quiosques serão
instalados sempre em frente às ruas que desembocam na avenida à beira-mar das
praias. Ele foi planejado para atender ao Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC), instituído em setembro de 2010, entre o Município e a União.
A Praia da Enseada, por exemplo, terá 54
equipamentos e a de Pernambuco apenas dois. Não estão previstos quiosques na
praia das Astúrias. Na Praia de Pitangueiras só serão permitidos 14 quiosques,
no Tombo seis e no Guaiúba seis, totalizando 82 quiosques ao longo das seis
praias urbanizadas.
Os quiosques
serão divididos em duas categorias: duplos, com 170 metros quadrados de área
total (21 metros de área interna), e simples, com 67 metros quadrados.A
demolição dos quiosques e a construção dos novos (nos calçadões) dependem de um
cronograma a ser definido e o modelo de licitação/cessão a ser adotado.
Passados os trâmites legais e o dinheiro adquirido, a praia que levará mais
tempo para ser repaginada será a da Enseada (36 meses). A segunda será
Pitangueiras (24 meses). Guaiúba e Tombo (nove meses) e Pernambuco (três).
Mansões
perderão área de lazer
Ainda dentro do PIU, dezenas de proprietários de
mansões construídas na Praia de Pernambuco, em Guarujá, cujas áreas externas
foram concebidas após ocupação irregular de terrenos da União e que estão
registradas pela Prefeitura como áreas verdes e de domínio público, terão que
recuar 25 metros seus imóveis frente ao mar e devolver o espaço à
municipalidade.
Conforme já anunciado pela Prefeitura, existe uma
faixa de terreno ocupada pelos imóveis que é registrada como área verde que,
constitucionalmente, só pode ter esse fim e que é livre. Neste sentido, o
município irá retomar e dar um tratamento paisagístico, para que a área seja
ocupada pela população que frequenta aquela praia.
Os imóveis são separados da praia por imensos muros
(alguns derrubados na última ressaca), intransponíveis em função da altura e do
material utilizado em suas construções. Para ocupar a Praia de Pernambuco, o
cidadão comum tem que ser parente ou amigo dos proprietários. Caso não goze
desse privilégio, tem que optar pelos poucos acessos existentes ao longo da
Avenida Marjory da Silva Prado, paralela à praia, que tem 1.800 metros de
extensão.
Os proprietários – em geral políticos e pessoas
influentes - valendo-se de anos de omissão por parte da Prefeitura, têm uma
visão privilegiada de uma das praias mais concorridas da Cidade. No espaço público
que foi incorporado aos seus imóveis, construíram piscinas, quiosques, varandas
gourmets, jardins de inverno e outras estruturas de lazer. A Prefeitura deverá
derrubar os muros, pois já possui o traçado definido. O processo já está
tramitando na Prefeitura e possui apoio Estadual e Federal.
A região da Praia de Pernambuco é tida como uma das
mais belas do Guarujá. Conhecida principalmente por ser a preferida de vários
artistas famosos e por casas com estilos arquitetônicos sofisticados, é uma
área residencial dedicada principalmente ao turismo, sendo que a atividade
comercial é praticamente restrita.
Ainda não existe data para remoção dos muros e nem
para início das obras de paisagismo, que irão devolver a munícipes e turistas o
direito de desfrutar de um espaço restrito a uma minoria amparada pelo poder
aquisitivo e pela influência política, que lhes permitiram anos de regalias.Após a retomada da área, a Prefeitura pretende
construir calçadões ajardinados e quiosques, como irá acontecer com as demais
cinco praias urbanizadas de Guarujá. A Praia de Pernambuco será contemplada com
dois quiosques. (Carlos Ratton/DL)
1 comentários:
essa prefeita fila da puta, quer acabar mesmo com o guaruja. porque que invés de mexer na praia, nao mexe no turismo.
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