Infelizmente a morte de Romazzini
não foi noticiada como deveria. A Folha deu somente uma notinha sobre o caso.
Alguns sites noticiaram, mas não com a gravidade que o caso merecia: Romazzini
foi assassinado pela sua postura política no Guarujá. Isso mesmo. Assim como
nos tempos da ditadura, ele morreu por fazer oposição à classe política
corrupta e dominante que vai levando esta cidade ao caos. E com a morte dele,
também morreu toda a oposição do Guarujá. Explico.
Romazzini chamou a atenção
quando, em 1994, ainda sargento do exército, escreveu um artigo criticando o
então presidente Itamar Franco. Ficou 60 dias preso. E nem por isso cessou sua
luta, pois dois anos depois, em 1996, se candidatou a vereador. Perdeu. Em
1998, tentou ser deputado, com chances irrisórias de vencer, apenas como
protesto ao exército. Perdeu, claro.
Já ia perder tantas eleições
quanto Lula, quando em 2004 conseguiu se eleger a vereador. Em seu primeiro
mandato chamou a atenção principalmente por duas coisas. Por denunciar um esquema
de corrupção na
Câmara do Guarujá, quando o então prefeito Farid Madi comprava
votos dos vereadores por cerca de 10 mil reais por mês. Chamou atenção também
por quase ser desfiliado do PT por não apoiar Farid, que tinha um petista como
vice.
Como vereador, ele cumpria todas
as suas funções: tanto propondo projetos relevantes à cidade, quanto ao
fiscalizar seus pares e a Prefeitura.
Na eleição de 2008 apoiou a atual
prefeita Antonieta, apostando que seria uma salvação diante do inferno de
Farid. Porém, logo rompeu com ela, pois tudo o que ela prometia e pretendia
caiu por terra nos primeiros meses de sua gestão - tornando-se administradora
tão pífia, ou pior, quanto Farid.
Em 2010 concorreu a deputado
federal, não se elegeu, mas obteve 22 mil votos no Guarujá. Ou seja: era o
candidato mais forte à prefeitura do Guarujá em 2012.
Muitos são os suspeitos de sua
morte. Com o estrago que ele já fazia como vereador, o que ele poderia fazer
como prefeito?! Eram muitos interesses. Ele chegou a pedir proteção à polícia,
registrou diversos Boletins de Ocorrência, e entregou à polícia uma gravação
com outros vereadores planejando sua morte. Chegou até a andar com colete à
prova de balas.
O Romazzini era um político raro
nos dias de hoje. Lembrava os petistas da antiga, que não se preocupavam com o
marketing - suas entrevistas eram prova disso - e lutavam pelos seus ideais até
a morte. Literalmente.
É uma pena que a morte de
político tão relevante tenha passado tão despercebida pela imprensa. Retrato
dos tempos!
Eu disse que a morte dele é
também a morte da oposição de Guarujá. Mas é muito mais do que isso. É a morte
da Esperança. Era um político que ia muito além de sua região. E é muito
lamentável que a primeira vez que a maioria das pessoas ouviu falar dele seja
justamente no momento de sua morte. (Texto de Juliana Romazzini escrito em 29/11/2010 e publicado no blog do jornalista Luiz Nassif)
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