O presidente da estatal
Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), Milton Persoli, admitiu que a travessia
de pedestres e ciclistas entre o Distrito Vicente de Carvalho e o Centro de
Santos opera no limite da capacidade. Em entrevista ao portal de notícias G1, ele afirma que
as embarcações têm problemas, mas não indicou uma solução definitiva.
Persoli também fala que duas das
lanchas mais modernas da frota, que foram deslocadas para a travessia entre São
Sebastião e Ilhabela, podem retornar ao estuário santista. Em até 90 dias,
entretanto, a promessa é que outras embarcações que estão em manutenção voltem
a operar, desafogando o serviço atualmente realizado por dois barcos.
Oficialmente, a lancha LS-05 e a
barca Itapema (confira a capacidade e o ano de construção no quadro
abaixo) são as únicas aptas a realizar a travessia de pedestres, segundo
informações da Dersa. O ideal, conforme o presidente da estatal, é que pelo
menos cinco embarcações tivessem em operação - quatro funcionando e uma
reserva.
"A dificuldade de manter todas
as lanchas em funcionamento é pela necessidade de manutenção, não só nossa, mas
exigida pela Marinha [por meio da Capitania dos Portos de São Paulo], que
entendemos como uma questão de segurança", afirma Milton Persoli. Ele
também lamentou os transtornos ocasionados nas últimas semanas.
Entre 24 e 25 de abril, a travessia foi interrompida por intervalos de horas uma vez que não havia
embarcação funcionando para realizar o serviço. Filas se acumularam entre as
margens e o serviço alternativo de catraias, que realiza a travessia entre a
bacia do Macuco, em Santos, e Vicente de Carvalho, ficou sobrecarregada desde
então.
"Nós também temos nossos
procedimentos técnicos e operacionais que executamos todos os dias. Isso
garante para nós, para a Marinha e, principalmente para o usuário, a segurança
no sistema", explica Persoli, ao justificar eventuais manutenções não
programadas. O objetivo, segundo ele, é garantir o pleno funcionamento do
serviço.
Ele alega também que há "alguns
parâmetros de navegabilidade" que devem ser acompanhados e obedecidos
diariamente. "Maré alta, correnteza e ventos fortes podem influenciar no
funcionamento da travessia. Sempre estamos acompanhando as condições
previamente para nos programar e já alertar o usuário antes da paralisação".
Lanchas e barcas da Dersa
no litoral de SP
Embarcação
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Capacidade
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Ano de construção
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Situação
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LS-01
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370 Passageiros e 50 Bicicletas
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2013
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Pegou fogo em 2016
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LS-02
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370 Passageiros e 50 Bicicletas
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2016
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Transferida para Travessia São Sebastião/Ilhabela
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LS-03
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370 Passageiros e 50 Bicicletas
|
2013
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Em manutenção
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LS-04
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370 Passageiros e 50 Bicicletas
|
2014
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Em manutenção - Transferida para Travessia São Sebastião/Ilhabela
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LS-05
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450 passageiros
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2018
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Em operação
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Itapema
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185 passageiros
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1982
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Em operação
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Paicara
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728 passageiros
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1972
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Em manutenção
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Canéu
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190 passageiros
|
1982
|
Em manutenção
|
Fonte: Dersa/Governo de São
Paulo - atualizado em maio de 2019
Problemas
Segundo
Persoli, a expectativa é que a manutenção das embarcações que estão paradas
seja concluída em até três meses. "Atualmente, com as que temos em
operação, já conseguimos oferecer um tempo de espera adequado para o usuário,
de aproximadamente 12 minutos", diz. Recentemente, usuários esperaram mais
de 1h nas margens.
Ele
voltou a divulgar a compra de 30 motores novos e peças sobressalentes, com
investimento de R$ 10 milhões, para justificar que problemas como os
enfrentados atualmente com as manutenções não devem mais ocorrer mais. Todo o
material é usado para substituir os equipamentos defasados ou quebrados das
barcas e lanchas paradas.
O presidente da Dersa afirma também que
quando as cinco embarcações voltarem a operar, será possível realizar a
conservação preventiva de cada uma, em vez da corretiva - garantindo a operação
equilibrada do sistema. "Nosso objetivo principal é ter a atuação desse
número de lanchas na frota, estamos trabalhando para isso".
Transferência
A
travessia entre Vicente de Carvalho e o Centro de Santos registra movimentação
diária de 16 mil pessoas, conforme informações da Dersa. O número é três vezes
maior daquele registrado entre São Sebastião e Ilhabela, onde, por dia, são
transportados 5 mil pedestres nas duas lanchas que foram deslocadas para
realizar a travessia.
Em
janeiro o Governo de São Paulo anunciou a retirada da LS-04 do serviço entre
Santos e Guarujá para ser levada ao litoral norte do estado. A lancha está
entre as novas da frota, foi para manutenção desde no segundo semestre de 2018
e deve se junta a LS-02 no Canal de São Sebastião.
"Se
houver necessidade, realizamos mudanças. Como nesse momento, quando avaliamos
que na travessia de São Sebastião era preciso aumentar a oferta de lancha. E lá
tem sido muita utilizada", justifica o chefe da estatal. Ele não disse
que, diante do atual quadro, haverá alteração na disponibilidade de lanchas
entre as duas travessias.
Prefeituras
Diante dos
problemas no serviço da Dersa, representantes da Prefeitura de Guarujá
estiveram reunidos com a Associação dos Catraieiros para solicitar o aumento no
número de embarcações na travessia de catraias, que fazem o transporte
alternativo. O pedido foi atendido prontamente e catraieiros passaram a receber
a demanda impactada.
Ainda na
situação, o Procon de Guarujá informou ao G1 que, em abril, multou a Dersa em
R$ 809 mil, pelos transtornos causados aos usuários devido ao tempo excessivo
de espera para as travessias. A medida foi baseada nos artigos 22 e 31 do
Código de Defesa do Consumidor (CDC). Não há informação se a sanção foi paga.
Já a Prefeitura
de Santos limitou-se a dizer que os fiscais do município também permanecem
monitorando a situação da travessia. Foto: Solange Freitas/G1
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