A
Prefeitura de Guarujá garante que o projeto da ponte sobre o canal do Estuário,
que promete ligar as duas margens do Porto de Santos, não irá inviabilizar a
implantação do Aeroporto Civil de Guarujá, conforme alerta o diretor da
Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, Eduardo Lustoza. Ele
acredita que a ponte irá não só supostamente obstruir o calado do canal, como
invadir o espaço aéreo do futuro aeródromo.
"O
rito de análise referente à ponte foi realizado pelo Serviço Regional de
Proteção ao Voo de São Paulo/ SRPV-SP, unidade da Força Aérea Brasileira, a
qual realizou duas reuniões com a Prefeitura para garantir que a obra não
traria qualquer prejuízo para o projeto do aeródromo", revelou a
Administração Valter Suman (PSB).
Lustoza
havia avisado o comandante da Base Aérea de Santos, tenente-coronel aviador
Francisco José Formággio. A Aeronáutica foi procurada ontem, mas não se
manifestou sobre a questão. "O local escolhido para implantar a ponte está
dentro do cone de segurança à navegação e manobras do futuro aeroporto. O
coronel Formággio me disse que não foi consultado e que não sabia que o mastro
da futura ponte estaiada vai atingir 168 metros de altura. Então, além da
atrapalhar a navegação marítima do maior porto da América Latina, a ponte vai
atrapalhar a aérea", disse detalhadamente Lustoza, que defende a
implantação de túnel submerso.
Efeitos
negativos
O diretor
revelou ainda outros efeitos negativos que a ponte - que está sendo reavaliada
pelos governos Estadual e Federal, pela Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp) e pela Ecovias (responsável pelo estudo e execução da obra orçada em
R$ 2,9 bilhões) - pode causar. Disse que não vai atender às demanda
urbanísticas das travessias das balsas; ao fluxo de pedestres e ciclistas; terá
custo superior ao túnel; somente duas pistas de rolagem contra três pistas do
túnel e maior impacto ambiental e visual.
Além de
tudo isso, "não apresenta melhor condição logística nem geográfica; as
rampas de acesso trarão maior riscos ao trânsito de caminhões; uma proximidade
insegura da Ilha do Barnabé e área de tancagem, que também será inibida",
completa Lustoza.
Segundo o
diretor, que fez um amplo estudo sobre a viabilidade de uma travessia seca
entre as margens do porto, a ponte se tornará um enorme obstáculo operacional e
econômico ao País. Nenhuma nação, hoje, opta por obstáculos aéreos. A proposta
da Ecovias é uma ponte com 85 metros de vão de passagem, mas há plataformas de
petróleo com 110 metros. Temos um cenário de desenvolvimento do pré-sal, nos
próximos 10 anos, que será prejudicado", adianta Lustoza.
O diretor
da Associação lembra que a Baixada já possui vários obstáculos de navegação que
vêm impedindo seu desenvolvimento, como as pontes da Rodovia Anchieta, do Mar
Pequeno, dos Barreiros, a Pênsil (que não pôde ser alteada) e outras. "Ao
invés de descermos 20 metros debaixo d´água, por que vamos subir 85 metros e
ainda ocupar sete quilômetros de uma margem a outra para minimizar os
declives?", questiona, ressaltando que o túnel, mesmo tecnologicamente
mais complexo, é a opção mais inteligente.
Expectativa
A
Prefeitura deve revelar, esta semana, se adere ao plano idealizado pelo Governo
do Estado para desestatização de aeroportos paulistas ou reafirma seu projeto
municipal e lança a própria licitação do aeroporto.
Até
setembro, uma empresa especializada entregará estudo para propor a melhor forma
de operar o aeródromo, ainda sem prazo para decolar.
A
Prefeitura já possui edital e estudo de viabilidade prontos. Iniciada a
licitação, ainda haverá 100 dias para concluir o certame e assinar com o
concessionário para o início das obras, com primeiros voos na próxima temporada
de verão. (Via: DL)
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