Uma cena que se repete
em grande parte do Litoral: deficientes, idosos e pessoas com dificuldade de
locomoção enfrentam problemas para chegar às praias. Caso emblemático é o de
Guarujá. Com uma situação geográfica em que a areia fica alguns metros abaixo do
nível da rua, a orla é dominada por escadas - a maior parte em péssimas
condições.
Em uma
escada instalada na frente de um posto salva-vidas da Enseada, não há nenhum
degrau. A falta de um ou dois corrimões também é comum.
UTI
Na
manhã do dia 8, a professora Clélia Camassa Gurgel do Amaral, de 70 anos,
tentou enfrentar uma dessas escadas para chegar à Praia de Pitangueiras. Com a
instabilidade dos degraus, desequilibrou-se e, na falta de corrimão em um dos
lados, caiu e entrou em coma.
Ficou
11 dias na Unidade de Terapia Intensiva e só neste sábado recebeu alta médica.
"Muita gente tem se acidentado aqui. Já vi uns quatro casos. O dela, sem
dúvida, foi o mais grave", conta Manuel Avelino de Sousa, zelador do
prédio de Clélia, que fica em frente ao acesso.
Ele diz
que a administração do edifício avisou a Prefeitura sobre o estado da escadaria
há meses, mas não teve resposta.
Cansado
de esperar pela solução oficial, o permissionário de uma barraca em Guaiuba
decidiu mandar fazer uma escada nova. "Gastei R$ 2 mil. Agora oriento meus
clientes a utilizarem apenas essa", diz ele, que não quer ser
identificado.
A falta
de padronização, aliás, é causada por essas iniciativas individuais. "Os
corrimãos foram feitos pelos condomínios", assegura Rubens Pedro da Silva,
zelador de um edifício nas Astúrias.
Resposta
O
secretário de Planejamento do Guarujá, Marcos Damin, atribui a dificuldade de
melhoria aos trâmites com a União, já que as praias são de domínio federal. Mas
anuncia um projeto de adaptação cujas obras devem ser iniciadas em breve.
Segundo
ele, no próximo verão a Praia da Enseada estará acessível, ao custo de R$ 2,4
milhões. Depois, as benfeitorias devem chegar às demais. "Esse problema é
um legado de décadas", comenta. (A Tribuna/ Foto Agência Estado)