Graças a Deus, estou viva”. O desabafo é de uma guarda municipal de Guarujá, que foi brutalmente agredida e chegou a ser hospitalizada na madrugada do último sábado (28). O crime ocorreu por volta das 3 horas, após um bandido invadir o Hospital William Rocha, no Centro. Durante a ação, o acusado chegou a desferir diversos golpes com uma chave de fenda no rosto e na cabeça da vítima, que chegou a implorar pela própria vida. Mesmo ferida, a guarda conseguiu escapar pela janela do imóvel e foi socorrida.
Há 15 anos atuando na Guarda Civil Municipal de Guarujá, a vítima conta que essa foi a primeira vez que passou por esse tipo de situação. No entanto, tem visto, com frequência, na Cidade, casos em que guardas municipais são feitos reféns pelos bandidos, em razão da falta de segurança da corporação.
“Sofremos os mesmos riscos da polícia, mas não estamos armados. Situações como a que eu passei precisam acontecer para que as autoridades tomem uma providência”.
Conforme a guarda, na madrugada de sábado (28), enquanto fazia a vigilância da unidade de saúde, cujo expediente é encerrado em horário comercial, foi surpreendida por um homem pardo, magro, de aparentemente 1,70 metro, portando uma chave de fenda. Com a ajuda da ferramenta, ele arrombou a porta da frente da unidade para furtar equipamentos, mas quando adentrou o local, deparou-se com a guarda.
”Eu estava trabalhando quando, do nada, me deparei com ele. Ele parecia transtornado e falou por várias vezes para que eu entregasse minha arma. Expliquei para ele que eu não estava armada e acabamos entrando em luta corporal”, explica a vítima.
Amarrada
Sem conseguir neutralizar a guarda, o bandido sacou a chave de fenda e começou a desferir diversos golpes no rosto da guarda. “Pedi para ele parar, mas ele estava transtornado. Disse que ia me matar e falou para que eu implorasse pela própria vida”.
Quase desfalecida e completamente ensanguentada, ela foi amarrada e trancada em uma sala até o término do roubo e, só conseguiu escapar do local do crime após pular por uma das janelas do imóvel. “Me desamarrei, mas permaneci sentada. Só depois, quando não ouvi mais barulho, decidi fugir do local pela janela”, comenta ela, que chegou a subir no telhado de um outro imóvel, nos fundos do sobrado, a fim de pedir ajuda.
”Fui levada para o Hospital Santo Amaro, onde passei a noite internada. Depois, transferida à Beneficência Portuguesa, onde passei por uma tomografia que, por sorte, não identificou nenhuma lesão grave. Acho que só estou viva porque o bandido não teve forças para me ferir ainda mais com aquela chave de fenda”, relata a guarda, que permanecerá, por enquanto, afastada da função.
”Vou passar por uma nova avaliação, mas não sei como será quando eu voltar. Estou há 15 anos na Guarda Municipal e, realmente, trabalho em algo que gosto”.
Falta de estrutura
Divorciada e mãe de três filhos, a guarda se queixa da falta de estrutura da corporação no Município. “Não tenho nem spray de pimenta para garantir minha segurança. Só este ano, já ocorreram diversos assaltos em que guardas municipais foram rendidos pelos bandidos. Por isso, a corporação vem pedindo o apoio da Câmara para que possa andar armada. Nós fazemos o mesmo trabalho da polícia, só que sem os meios que eles têm”.
Na ação do último sábado, além dos documentos pessoais da vítima, uma TV de LCD foi levada do local. O caso foi registrado na Delegacia Sede do Município. Por enquanto, o assaltante e agressor não foi localizado.
Outro lado
Procurada, a Prefeitura de Guarujá, por meio da Secretaria de Defesa e Convivência Social, informa que a unidade referida não possui monitoramento por câmeras. Quanto ao porte de armas de fogo por parte dos guardas civis municipais (GCMs), o órgão esclarece que está se organizando administrativamente para que até julho de 2016, metade dos agentes já estejam armados.
Na final da manhã desta segunda-feira (30), a Polícia Civil elaborou um retrato-falado do agressor com base no depoimento da vítima. De acordo com os policiais, acredita-se que o acusado seja um morador de rua.
Ainda de acordo com a Secretaria será encaminhada ao Poder Legislativo uma proposta do Fundo Municipal de Defesa e Convivência Social, propondo que a iniciativa privada possa apoiar o custeio, aquisição de armas e treinamento necessário aos agentes.
Já quanto à colocação de grade da unidade de saúde, a direção da Unidade esclarece, que desde a mudança e início das atividades em agosto, foram apontadas todas as necessidades e aquelas de menor valor, já foram adequadas. No entanto, o gradil requer um custo maior e portanto, necessitava de processo licitatório, que está em curso. Tão logo seja concluído, as grades serão compradas e instaladas. ( A Tribuna/ Foto: Arquivo pessoal)