Mais de
150 ciclistas se reuniram na rodovia Cônego Domênico Rangoni para protestar, na
manhã de ontem (17). Eles reclamam da falta de segurança e estão preocupados
com os treinos dos atletas que concorrem a vagas nas Olimpíadas de 2016 e no
Iroman.
Segundo
eles, as estradas da região não têm segurança e os atletas ficam na mira de
criminosos. "A situação de assalto sempre ocorreu em um ritmo menor do que
é hoje, em situações raríssimas de um ciclista passar sozinho. Não existe mais
aquela coisa de passar um grupo grande para dar mais segurança", disse o ciclista
Renato Ventura.
Na semana
passada, um grupo de 60 ciclistas foi surpreendido pela ação de assaltantes
enquanto treinava na rodovia. Os criminosos saíram de um matagal e roubaram a
bicicleta de um deles. "Eles vieram contra o pelotão. Foi muito perigoso
porque eles vieram no meio da estrada. Nós, sem motivo algum, tivemos que
voltar correndo porque eram armas brancas, de fogo", conta o ciclista
Cláudio Clarindo.
Entre os
atletas, alguns colecionam histórias dessa violência. A atleta paraolímpica
Marcia Ribeiro Gonçalves e Nelma Raizer já foram vítimas. "Foi um susto
muito grande. Antigamente, nós subiamos a serra, no pedaço da estrada de
manutenção. Uma vez, nós estávamos indo a 50 metros do posto policial
rodoviário. Ela (Nelma) parou a bike, eu percebi. O rapaz falava para ela
passar o 'camelo'. Ela falou calma porque sou deficiente visual. Ele nos
jogaram no chão. A nossa sorte foi que veio um rapaz com uma caminhonete,
quando eles estavam pegando a bike para sair, ele fez menção de jogar em cima
deles, eles largaram a bike", conta Márcia. "Eu pedalo há muitos
anos, só de escapar de assalto, de roubo, já foram oito vezes", falou
Nelma Raizer.
Para os
atletas, a rodovia Cônego Domênico Rangoni é um local de trabalho e caminho
para a rodovia Rio Santos. As estradas servem para levar os atletas a
competições importantes como o Iroman e as Olimpíadas no Rio de Janeiro, em
2016. "A nossa ideia é só alertar a população e os departamentos
competentes, como trânsito, Policia Militar, que aqui é perigoso. Estamos
pedindo uma ajuda deles para a gente conseguir fazer um treinamento de acordo.
O ideal é ter viaturas constantemente na estrada" disse o presidente da
Liga de Ciclismo, José Reinato.
A falta
de segurança tem alterado a rotina de treinos dos atletas. "Com a falta de
segurança, fica meio complicado para a gente treinar, principalmente, quando é
profissional. E, se ficar esperando sempre um grupo ou uma escolta para treinar
fica meio complicado", falou Bruno Matheus. "Nessa semana deu uma
caída nos treinos pelo medo de vir para a estrada e trabalhar. Na verdade, a
gente está trabalhando", disse Fred Monteiro. "Ninguém está
reivindicando nada, só queremos segurança nas estradas", reafirmou Claudio
Clarindo.
A Polícia
Militar disse que no trecho da rodovia, onde aconteceu o roubo aos ciclistas, o
policiamento é feito com carros, motos e tático ostensivo rodoviário. Além
disso, duas bases operacionais da Polícia Rodoviária, uma no entroncamento com
a rodovia Rio-Santos e outra um pouco mais adiante da própria Rio Santos. Ainda
segundo a PM, o local recebe uma atenção especial porque é acesso a cidade de
Guarujá e também a margem esquerda do Porto.
O comando do policiamento rodoviário diz que está permanentemente aberto para
receber uma comissão dos ciclistas, ajudar a entender melhor o problema e
buscar soluções. E, pede para que as vítimas sempre façam boletim de
ocorrência. (G1)