sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Violência dificulta serviços dos Correios em Vicente de Carvalho




A criminalidade está afetando um serviço essencial em Vicente de Carvalho: a entrega de mercadorias pelos Correios. Moradores de diversos bairros do distrito estão sendo notificados a buscar encomendas no depósito na Avenida Santos Dumont, ao lado de uma agência da empresa.

Moradora de Morrinhos, Alexsandra Viana Lopes pagou R$ 32,00 de frete por um aspirador de pó, mas teve de ir ao local retirar o produto. “É a segunda vez em um período de oito meses”.

O instrutor de artes marciais Valdemiro Rubens do Amparo, da Vila Áurea, também foi buscar sua encomenda: um aparelho de monitoramento por câmeras para instalar em casa. “Já faz uns três anos que eles (Correios) não entregam onde moro. Lá a situação está complicada. Se você colocar uma cadeira para fora, é capaz de roubarem a cadeira com você sentado nela”.

O vendedor Anderson Oliveira Reis, do Jardim Esplanada do Castelo, foi pegar uma encomenda de livros para o irmão, que trabalha com vendas on-line. “Há uns três meses, ele e o carteiro foram assaltados na porta de casa. Depois disso, não entregaram mais”.

O funcionário público e jornalista Edson Augusto Sampaio, morador da Vila Áurea, também esperava uma encomenda de livros quando se surpreendeu com a notificação dos Correios.

“Ela informava que era preciso retirar a mercadoria em até três dias. Fui até o local e tinha umas dez pessoas na minha frente. Esperei uns 40 minutos, num local sem cadeiras para sentar, debaixo de um teto de zinco e no maior calor. Não há atendimento prioritário para idosos nem condições mínimas. É tudo muito desorganizado. As pessoas pagam o frete e ainda correm o risco de ser assaltadas quando saem de lá”.

Indignado com a situação, Sampaio procurou o Procon de Guarujá nesta semana para fazer uma reclamação. Segundo o diretor do órgão, Alexandre Cardoso, não é a primeira queixa que a unidade recebe. Para ele, a situação afronta o Código de Defesa do Consumidor.

“As pessoas podem e devem reclamar. O consumidor pagou pelo serviço e tem que receber da maneira correta. Não pode ser punido pelos problemas da empresa”.

Notificação

Por isso, Cardoso foi até o local ontem para fazer uma fiscalização. “Vimos que a informação do consumidor realmente procede. Havia uma fila com pessoas aguardando de 20 a 30 minutos sem condições mínimas, como cadeiras e fila prioritária”.

O Procon, então, notificou a agência para que se pronuncie sobre o fato de não estar entregando as mercadorias em casa. “Temos que aguardar a resposta da empresa, que deve levar cerca de 15 dias, para decidir que providências serão adotadas”.

Enquanto isso, ele orientou que o local seja dotado de melhor estrutura para atender os clientes. “A gerência se comprometeu a fazer essa melhoria imediatamente”.

Funcionário relata medo

Um funcionário da empresa relatou o medo que os entregadores passam diariamente nas ruas. “Já ocorreram dez assaltos em um mesmo dia. Em muitos lugares a gente não entrega mais, só que o Sedex 10 tem que ser entregue de qualquer jeito. Então, a gente continua entrando em áreas de risco”.

O funcionário, que não se identificou, trabalha há um ano e meio no local, diz ter sido assaltado três vezes. “Fui o que menos passou por isso aqui. E os bandidos sempre chegam fortemente armados para nos abordar”.

Problema comum

O diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Santos e Região, Gilson Vieira, confirma que, em Vicente de Carvalho e em outras cidades da Baixada, encomendas deixaram de ser entregues.

“A média é de dois assaltos por dia. Há funcionários com problemas psicológicos, e muitos estão afastados por causa disso. Imagine como é trabalhar com essa pressão”.

Ele afirma que já se cogitou fazer as entregas com escolta armada na região, a exemplo do que acontece em outras cidades e também com grandes redes de lojas, mas a ideia não foi adiante.

Segundo Vieira, quando o produto é roubado do entregador, os Correios é que precisam indenizar o cliente. “Eles estão tendo prejuízo. É uma situação muito difícil para todos os lados”. (Simone Queirós/ATribuna On-line)


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